Desce do pedestal
A estátua nua que o
silêncio esculpiu na insónia
Desce nua
A estátua do pedestal
Sem braços
Sem cabeça para pensar
Sobe às árvores
Este livro
E estas palavras sem
denominação social
Em baixo de
Sob ela
Este desenho
Esta tela,
Desce e sobe
Montanha abaixo
E rio acima
Daquele pedestal
Deste inferno de estátua
Sem braços
Sem cabeça para pensar
Pensar em quê
De quê
O pedestal rio acima
Abaixo de
Sob ela
Esta carta
Sem morada
Sem navegador,
Abaixo eles
Acima elas
Todas as estátuas de sono
Do pedestal granítico
Somítico o homem sem
morada
Sem gestionário
Desta estátua
Deste pedestal
O correio-espelho
Da tua mão incendiada
Rua abaixo
Rua sem madrugada,
Desta montanha que as
pariu
Nas estátuas que afoguentam
as estrelas
De papel
Em cartão
Do pedestal colorido
Magníficos riscos sobre o
chão
Curvas de sono
Sopros no coração
Desta estátua que desce
Do pedestal construído de
suor
Ao decimo quinto dia da
morte
Abre a mão
E escreve nos lábios;
Esta estátua não tem
sorte.
06/08/2023
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