Deste barco
Deste barco de espuma
Da espuma que se revolta
E de porta em porta
De morte em morte
Desce sobre ti o sol
E ergue-se sobre mim
A morte
Dessa triste montanha
Onde tenho escondidas
todas as minhas palavras
Outras palavras
Outros medos
A morte brinca no límpido
pano da ausência
Ergue-se
Abre a porta da sala…
E a triste montanha
Na triste planície
Em ti do sol misericordioso
Neste barco
Deste barco me escondo
Enquanto do nada
Espero tudo
Quando o tudo…
Quando tudo deixou de ser
o nada
Hoje é o meu aniversário
Mais um ano
E do tudo
Regressa a mim o nada
Entre a morte
E a má-sorte
No forno do desejo
Nas coxas da madrugada
A tabela periódica
Ainda dorme
E certamente…
Dormirá…
Como dormem todas as
sílabas deste inferno
Que morre na escravidão
do sexo
Acorrentado a uma pequena
sombra…
Onde os gatos
O abraçam…
Teu barco de espuma
Enquanto o inferno
Morre
E da chuva acorda
A morte do tudo
Quando hoje é o nada.
Luís
16/06/2023
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