sexta-feira, 16 de junho de 2023

Barco de espuma


 Deste barco

Deste barco de espuma

Da espuma que se revolta

E de porta em porta

De morte em morte

Desce sobre ti o sol

E ergue-se sobre mim

A morte

 

Dessa triste montanha

Onde tenho escondidas todas as minhas palavras

Outras palavras

Outros medos

A morte brinca no límpido pano da ausência

Ergue-se

Abre a porta da sala…

E a triste montanha

Na triste planície

Em ti do sol misericordioso

 

Neste barco

Deste barco me escondo

Enquanto do nada

Espero tudo

Quando o tudo…

Quando tudo deixou de ser o nada

 

Hoje é o meu aniversário

Mais um ano

E do tudo

Regressa a mim o nada

Entre a morte

E a má-sorte

No forno do desejo

Nas coxas da madrugada

 

A tabela periódica

Ainda dorme

E certamente…

Dormirá…

Como dormem todas as sílabas deste inferno

Que morre na escravidão do sexo

Acorrentado a uma pequena sombra…

Onde os gatos

O abraçam…

Teu barco de espuma

Enquanto o inferno

Morre

E da chuva acorda

A morte do tudo

Quando hoje é o nada.

 

 

 

Luís

16/06/2023

Sem comentários:

Enviar um comentário