Éramos muitos
Éramos um exército
Hoje somos poucos
E nem um pequeno pelotão
somos,
Hoje somos fotografias
Sobre uma secretária na
casa de alguém
Ou suspensas numa parede,
Éramos tantos que não
tínhamos medo da geada
Que não tínhamos medo de
que a noite se extinguisse
Nas mãos da madrugada,
Éramos tantos
E muitos
Hoje somos sombras
Hoje somos saudade
E recordações
E não somos nada,
Éramos muitos
Éramos um exército que todas
as noites
Procurávamos o luar
E do silêncio construíamos
um rio
Que ainda hoje corre nas
veias de alguns…
Éramos tantos
Meu Deus…
Hoje somos quase nada
À espera de que regressem
as lápides
E as sepulturas
E possamos ser uma
colmeia
Não de abelhas
Mas uma colmeia de
palavras,
E de que servem as
palavras
Quando éramos tantos…
E hoje somos apenas
alguns
Muito poucos
Tão poucos…
Alijó, 25/12/2022
Francisco Luís Fontinha
Sem comentários:
Enviar um comentário