quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

Andorinhas em flor

 Quando a noite

Em despedida

Dorme docemente nos teus lábios.

 

A noite deixou de pertencer às andorinhas em flor

E no meu jardim

Onde tenho palavras e sonhos

Um poema cresce nos lábios da paixão

E o dia nunca será meu.

 

Nada será meu nesta planície

De esqueletos desventrados pelo sono

Das cansadas noites

Quando tenho poesia

E as estrelas dos teus olhos.

 

No entanto

Oiço os meus poetas

Escrevo aos meus poetas,

 

Palavras

Desenho-os em telas nuas

Os corpos da neblina

E mesmo assim

Oiço-os pensando ainda estarem vivos.

 

Quando a noite

Em despedida

Dorme docemente nos teus lábios,

 

E do teu cabelo em brincadeiras de vento…

 

A paixão dos pássaros em nossas mãos!

 

E Deus?

 

 

 

 

Alijó, 01/12/2022

Francisco Luís Fontinha

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