Sei que este rio
Que corre nas minhas veias
São os teus braços
Quando durante a noite
roubas o mar
E o poisas sobre este
peito envenenado
E depois o levas para os olhos
da lua
Sei que este rio me
pertence
Como te pertencem as
lágrimas do luar
Quando todos os barcos
Se deitam nos teus seios
de nuvem adormecida
E deste rio
Oiço o silêncio
adormecido dos teus lábios
Quando um beijo prometido
É desenhado com a ponta
dos meus dedos
Nas pequenas sílabas do
desejo
E este rio traz-me a
enxada
Com que escrevo na
montanha
Os socalcos ausentados da
tua sombra
E deste rio recebo as
palavras
Que semeio no teu corpo
Quando o sol se deita
sobre ti
E dos teus braços
Que se passeiam nas
minhas veias
Vêm a mim as uvas da
manhã
Que me embriagam dentro
deste livro em construção
Alijó, 05/11/2022
Francisco Luís Fontinha
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