quinta-feira, 1 de setembro de 2022

Não sei

 Não sei o que dizem as palavras da madrugada,

Não sei porque dança sobre o mar a insónia,

Não sei porque morrem as flores na Primavera,

Não sei porque brinca no poema a saudade,

 

Não sei porque o teu cabelo se escondeu no pôr-do-sol,

Não sei porque os pássaros se suicidam na minha sombra,

Não sei porque morreste…

Não sei porque voaste como uma gaivota,

 

Não sei porque escrevo o meu nome,

Não sei porque durmo acordado,

Não sei porque dizem que não valho nada…

Não sei porque brinca no poema a saudade,

 

Não sei porque desenho estas merdas sem nexo,

Não sei porque vagueio entre os parêntesis da alvorada,

Não sei porque sei que esta cidade é uma jangada,

Não sei porque vivem as árvores,

 

Não sei porque sorri esta criança,

Não sei porque há nuvens em papel

E pequenos silêncios de nada,

Não sei porque semeio palavras,

 

Não sei porque as sombras da noite

São pequenas sílabas soltas no vento,

Não sei porque são os sonhos alimento,

Não sei porque são as estrelas negros pontos de medo…

 

Não sei.

 

 

Alijó, 1/09/2022

Francisco Luís Fontinha

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