Se estas mãos acantonadas
Escrevessem nas páginas
sonâmbulas
Do meu pedacinho de mel,
Se estes olhos em
lágrimas luar
Poisassem nas tuas
pétalas encantadas,
O poema voava sobre o
mar…
E as minhas palavras
amarguradas
Morriam nos lábios de uma
abelha,
E da noite acordaria a
paixão.
E se o meu pedacinho de
mel
Voasse nos meus braços,
A tela fantasma da
solidão
Transformar-se-ia em luz…
Depois de adormecer a
alvorada.
Se estas mãos acantonadas
Escrevessem nas páginas
sonâmbulas
Do meu pedacinho de mel,
A noite pincelava-se de
dia,
Como as flores tristes
dos finais de tarde.
Se o meu pedacinho de mel
Dançasse na madrugada,
Desenhar-se-ia nas nuvens
A enxada desgovernada do
silêncio
Em pequenas gotículas de
desejo.
Francisco Luís Fontinha
Alijó, 29/08/2022
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