segunda-feira, 1 de novembro de 2021

Todas as noites, são noites de viver

 

Todas as noites

O corpo desajeitado

Desce a montanha da solidão,

Todas as noites

O corpo mutilado

Agarra-se à espingarda que poisa na sua mão.

 

Todas as noites

Brinca uma criança traquina

Na palma de sua mão,

Todas as noites

Vejo a alma que ilumina

As palavras de uma canção.

 

Todas as noites

São noites de adormecer

No silêncio de sua mão,

Todas as noites

Que não posso esquecer,

As palavras da minha mão.

 

Todas as noites

Nos versos cansados

Na minha mão,

Todas as noites

Há corpos envenenados

Envenenados pela minha mão.

 

E todas as noites,

Sinto o cansaço do anoitecer

Antes de dormir,

Todas as noites, são estas noites

Noites de viver

Viver antes de partir.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 01/11/2021

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