A
tristeza em construção.
Os
alicerces das palavras semeadas no vento das amarrotadas folhas de papiro,
Os
teus lábios lembrando os socalcos do Douro,
Na
fotografia da chuva,
O
vento traz a neblina cinzenta dos teus olhos magoados,
Em
todas as Primaveras,
Em
todas as tempestades de areia,
Os
teus beijos que vivem nos livros deitados nas prateleiras da solidão.
Há
uma janela virada para o mar.
Aqui
habita um rochedo chamado de paixão…
Onde
aportam pela madrugada, todos os petroleiros da minha infância.
Não
semeies as tuas lágrimas nesta terra queimada,
Grita,
se te apetece, mas grita bem alto,
Até
que as andorinhas dêem pela tua presença,
Grita,
Grita
como toda a gente deveria gritar…
Esta
terra queimada,
Recheada
de xisto,
São
os pilares do teu corpo.
São
horas do jantar,
Não
vou comer,
Com
tanta beleza… quem precisa de se alimentar?
O
povo está furioso.
Faltou
o tabaco, greve da Tabaqueira, greve das máquinas de cigarros…
Greves,
greves…
Fumo
merda?
Maldita
terra sempre a zarpar,
Âncoras
à chuva,
Sandálias
de couro, calções…
O
moço parecia um malandro de esquina,
Mas
era feliz,
Tão
feliz…
Que
trouxe o mar com ele.
Hoje,
vive nas montanhas juntamente com o mar,
E
as gaivotas são as únicas visitas nos últimos tempos…
Dizem
que me trouxeram.
Porquê?
Se
eu era tão feliz lá…
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
22/04/2019
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