Acusais-me
de tudo e de nada.
Acusais-me
da chuva e do sol,
Das
províncias desgovernadas,
Dos
socalcos inanimados,
Tristes…
Cansados.
Acusais-me
do cansaço,
De
ser o menino dos papagaios
E
das estrelas em sombreados tentáculos,
Acusais-me
de o mar não regressar…
E
de matar.
Acusais-me
do eterno ventrículo agachado no musseque,
Das
palmeiras envenenadas pelo silêncio,
Acusais-me
das palavras gastas,
Tontas,
Nas
paredes da solidão.
Acusais-me
de tudo e de nada.
Acusais-me
do medo,
Da
morte em segredo,
Acusais-me
do sofrimento
Nas
montanhas solidificas dos livros
E
dos momentos passados na escuridão de um velho bar.
Acusais-me
da dor,
Das
metástases ensanguentadas de um corpo em delírio…
Acusais-me
de nada,
De
tudo,
Até
da triste madrugada…
Que
a sombra alimenta.
Francisco
Luís Fontinha
Alijó,
12 de Novembro de 2017
Sem comentários:
Enviar um comentário