Nas
palavras, o silêncio.
Da
noite camuflada pelos Oceanos perdidos, os pindéricos sorrisos da alma,
Os
esqueletos de luz que vagueiam na triste Avenida, sem palavras, a distância dos
osos na escuridão do mar,
Recordo
o teu olhar de pálpebras silenciadas pelo vento. Os rochedos onde me deito.
A
madrugada. Acordar em ti os sonhos de ontem, a difícil caminhada em direcção ao
mar, dois corpos saturados da neblina, dois corpos misturados nas ínfimas luzes
da cidade. Não durmo. Finjo brincar numa praia em papel, desenhada por uma
criança, triste, como as estátuas de sal,
Os
meus dedos na tua boca, quando libertas os livros aprisionados pelo tempo,
liberta-te também de mim; desacorrenta-te, e desiste de lutar.
Amanhã
lá estarei, desintegrado nas salas exíguas dos mortos jardins, pequenas
árvores, pequenos arbustos no teu peito, esperando o veneno, escondo-me.
Nas
palavras, o silêncio.
A
solidão da manhã quando trazes nas mãos a chuva miudinha, pesadíssima, e,
travestida de soldado, brinco em ti, comigo sentado numa pedra adormecida, à
deriva na rua deserta da tua sombra…
Palavras,
nas palavras, o silêncio, o prateado desassossego que a vida constrói no
amanhecer, como os poemas, entre morto e mortos; o fim.
Ai
que a vida parece um círculo, cada vez mais longínquo da cidade,
Como
todos os sons da tarde, ao cair a noite,
Os
sonhos, vagueiam no teu solstício medo de me deixar junto ao rio,
Felizes,
aqueles que acreditam em Deus…
Porque
os que não acreditam, morrem, e nunca compreenderão o silêncio.
Francisco
Luís Fontinha
Alijó,
26 de Novembro de 2017
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