Entre
quatro paredes, tenho o meu esqueleto de granito infestado de lágrimas, e,
quando o meu pobre relógio acorda, todas as noites, fujo para as sombreadas
ruas da Avenida, pinto as árvores no meu olhar, semeio na lapela as frágeis
sementes da morte, sempre que o vento regressa do mar,
A
janela do sofrimento rasgada na penumbra madrugada, o silêncio das acácias
misturado com os soníferos orgasmos de prata, e esta terra me alimenta das
esmolas não recebidas, tenho medo, medo de perder-te no infinito amanhecer,
porque nas tuas mãos habitam as flores da despedida, lamento, fico cansado de
olhar-te no espelho caduco do meu quatro, e, os livros empilhados junto à
madrugada, lamento, que todas as tardes sejam em pedaços de sofrimento, como as
jangadas dos pilares de areia da tua voz,
Entre
quatro paredes, de vidro, o silêncio amanha, dorme… e morre na alvorada.
Francisco
Luís Fontinha
Alijó,
25 de Novembro de 2017
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