Do
amor cansaço dizem-me as persianas do amanhecer, uma gaivota gira como um pião
na mão de uma criança, do amor, dizem-me, da madrugada até ao desaparecer do
sol que existem árvores com perfume de sonho, que vivem castelos de orvalho na
ponta dos dedos da mão da criança que brinca com o pião, do amor, sinto-a
mover-se como uma enxada mergulhada na crosta sincera do infinito luar, uma
nuvem diz-me que todas as ruas da tua cidade extinguiram-se como pássaros em
madeira estrangeira, há uma névoa de soalho esquecido no teu peito... e
Do
amor,
O
mar crescido nas planícies juntamente com a névoa de soalho
Na
lareira?
O
amor, o corpo incendeia-se, arde, evaporam-se as cinzas húmidas dos candeeiros
de halogéneo quando as despedidas acordam, dois corpos se abraçaram, três
corpos fingem olhar o rio, as lágrimas de três esqueletos são cortadas com a
tesoura de costura da mãe Arminda, desenhava, recortava modelos em papel,
depois, depois pegava num pedaço de pano e com a ajuda das sombras esquinas dos
compartimentos exíguos... construía vestidos em chita para um palhaço de areia,
e a morte ficava à entrada da porta, não entrava, tinha medo do boneco em palha
que funcionava como espantalho, o milho ficava a salvo das garras dos melros e
restante família e das tempestades embriagadas das noites intermináveis,
Na
lareira? O mar crescido inventava lábios rosados na tua boca de livro
apaixonado, havia entre nós uma ponte em esparguete, calculada por mim... não
resistiu aos diversos ferimentos e partiu, e nunca mais regressou, as migalhas
de ti, na minha algibeira, sinto-as quando puxo o lenço, sinto-as quando ainda
acredito que tenho cigarros no bolso...
Meto
a mão e em vez de cigarros
Tu?
O
mar inventa-te e escreve-te como se tu fosses a mulher mais bela das marés de
Outono, o mar parece um espelho repartido por vários inquilinos, grita o
presidente do condomínio
Quem
é a favor da expulsão da inquilina do sexto esquerdo levante a mão,
Ninguém,
O
presidente do condomínio triste como abelhas em dia de feriado,
E
tu, tu meu menino que brincas com o pião na tua mão, és a favor ou és contra?
O
miúdo...
Quero
lá saber... nem de cá sou,
O
mar não é meu, o mar é apenas um quinto das migalhas de ti que trago na
algibeira, o amor, o corpo incendeia-se, arde, evaporam-se as cinzas húmidas
dos candeeiros de halogéneo quando as despedidas acordam, dois corpos se
abraçaram, três corpos fingem olhar o rio, as lágrimas de três esqueletos são
cortadas com a tesoura de costura da mãe Arminda, desenhava, recortava modelos
em papel, depois, depois pegava num pedaço de pano e com a ajuda das sombras
esquinas dos compartimentos exíguos...
Vestia
o mar com insónias de chita, o pião sentia-o.… como hei-de dizer... o pião
esconde-se nas cordas e
O
amor, o corpo incendeia-se, arde, evaporam-se as cinzas húmidas dos candeeiros
de halogéneo quando as despedidas acordam, dois corpos se abraçaram, três
corpos fingem olhar o rio, as lágrimas de três esqueletos são cortadas com a
tesoura de costura da mãe Arminda, desenhava, recortava modelos em papel, depois,
depois pegava num pedaço de pano e com a ajuda das sombras esquinas dos
compartimentos exíguos...
(Na
lareira? O mar crescido inventava lábios rosados na tua boca de livro
apaixonado, havia entre nós uma ponte em esparguete, calculada por mim... não resistiu
aos diversos ferimentos e partiu, e nunca mais regressou, as migalhas de ti, na
minha algibeira, sinto-as quando puxo o lenço, sinto-as quando ainda acredito
que tenho cigarros no bolso...
Meto
a mão e em vez de cigarros)
Engraçadinha,
Que
mais fará plopque...
O
portátil pifou,
Engraçadinha,
Meto
a mão e em vez de cigarros
Tu?
Adormecias
nos meus braços...
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
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