O
delírio fantasma que a paixão oferece nas noites de melancolia,
Vivo
nesta cabana encerrada e sem alegria,
Entre
livros e papelada,
Entre
copos e corpos sofridos na madrugada,
Tenho
nas veias o teu nome,
E
na algibeira as réstias da fome…
Do
mendigo ancorado às esplanadas de lata,
O
Domingo termina na sanzala…
No
capim brincam as minhas mãos de fada…
Que
um papagaio de papel inventou na alvorada,
Sinto
neste meu corpo desajustado da realidade
O
vício sintético da falsidade…
O
orvalho clandestino,
O
sorriso do menino…
Na
praia do Mussulo,
Só
e abandonado,
Só
e amedrontado,
Só
nos rochedos pincelados de palavras mortas
Pela
caneta do poeta,
Fracassado,
Pateta…
O
delírio fantasma
Dos
arraiais da felicidade,
Foguetes,
e pó de enxofre na claridade nocturna do sentimento,
Sofro,
sofro e guardo no sorriso a tua despedida…
Sangrando
as avenidas
Desta
cidade perdida,
Um
diário disperso, um livro desassossegado,
O
vazio buraco negro do desgraçado…
Mendigo
da multidão,
Haja
alegria e pão na eira,
Que
no corpo da feiticeira
Argamassam
os lábios da solidão,
Não
durmo, meu amor, deixei de dormir, meu amor…
E
passo a horas a desenhar,
No
teu corpo, meu amor,
O
delírio fantasma da paixão.
Francisco
Luís Fontinha
Alijó,
11 de Junho de 2017
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