quinta-feira, 19 de maio de 2016

Lençol nocturno do medo


Não tenho pressa de caminhar,

Sento-me ao teu lado,

Pinto nos teus lábios o mar,

Escrevo no teu corpo o poema envenenado…

Acabei de desligar a luz da paixão,

Com a crise não há dinheiro para nada…

Precisava de novos cortinados,

Um par de calças ou uma camisa,

Talvez um novo coração,

Porque este, meu amor, já pertence à madrugada,

Onde habitam os braços apaixonados,

E silenciam a benigna brisa,

Nunca disse a ninguém que os teus abraços morreram junto ao rio das gaivotas,

Quando pintávamos barcos ao pôr-do-sol… e descia a noite vagabunda,

Marés de cio invadiam o teu olhar,

E eu forçosamente escondia-me num qualquer Cacilheiro…

Pétalas mortas,

O amor desfeito em lágrimas de amar,

Porque não tenho pressa, meu amor,

Não tenho pressa de caminhar…

Nem flor para de presentear,

Sento-me ao teu lado,

Pinto nos teus lábios o mar,

Que hoje é o meu lençol nocturno do medo…

 

Francisco Luís Fontinha

quinta-feira, 19 de Maio de 2016

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