sábado, 26 de dezembro de 2015

O ditado cansado das pedras de brincar, o silêncio mergulhado no luar, e todas as coisas dormindo, famintas as minhas palavras, complexos os meus abraços, que são poucos, meu amor, que são poucos,


Irrito-me com a tua passividade,

A conformidade, o abismo vermelho das abelhas em flor, o sonambulismo dos meus sonhos,

Além, cartas de amor preguiçosas, voando sobre as gaivotas,

Irrito-me comigo, com a janela do meu quarto, e com os teus beijos,

Meu amor,

Com os teus beijos,

Quando regressa a penumbra e acorda a sinfonia do Adeus,

Tão fácil, meu amor, tão fácil… o amor,

E fugir de “Deus”, tão fácil meu amor…

Irrito-me com as minhas conversas suspensas nos candeeiros do cansaço,

Irrito-me, meu amor, irrito-me com o triciclo da minha infância, um triste triciclo, que me amava, tenho a certeza,

O único amor da minha vida,

Um pedaço de madeira, três rodas e um coração do tamanho do Universo, que saudades, dele, meu amor, que saudades,

Irrito-me com o teu corpo desenhado na geada, parece-me mais gordo, parece-me mais desejado, mas, mas meu amor, é tudo uma ilusão de óptica, ilusão, ilusão,

O abstracto sorriso do palhaço rico, a gargalhada do palhaço pobre, e sinto-me um circo, ambulante, de terra em terra, a vender amor e coisinhas em cartolina,

Que saudades, meu amor

Que saudades dos Domingos à janela, olhar-te, meu amor, olhar-te…

Sem saber que pertences aos fantasmas da noite.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sábado, 27 de Dezembro de 2015

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