Irrito-me
com a tua passividade,
A
conformidade, o abismo vermelho das abelhas em flor, o sonambulismo dos meus
sonhos,
Além,
cartas de amor preguiçosas, voando sobre as gaivotas,
Irrito-me
comigo, com a janela do meu quarto, e com os teus beijos,
Meu
amor,
Com
os teus beijos,
Quando
regressa a penumbra e acorda a sinfonia do Adeus,
Tão
fácil, meu amor, tão fácil… o amor,
E
fugir de “Deus”, tão fácil meu amor…
Irrito-me
com as minhas conversas suspensas nos candeeiros do cansaço,
Irrito-me,
meu amor, irrito-me com o triciclo da minha infância, um triste triciclo, que
me amava, tenho a certeza,
O
único amor da minha vida,
Um
pedaço de madeira, três rodas e um coração do tamanho do Universo, que
saudades, dele, meu amor, que saudades,
Irrito-me
com o teu corpo desenhado na geada, parece-me mais gordo, parece-me mais
desejado, mas, mas meu amor, é tudo uma ilusão de óptica, ilusão, ilusão,
O
abstracto sorriso do palhaço rico, a gargalhada do palhaço pobre, e sinto-me um
circo, ambulante, de terra em terra, a vender amor e coisinhas em cartolina,
Que
saudades, meu amor
Que
saudades dos Domingos à janela, olhar-te, meu amor, olhar-te…
Sem
saber que pertences aos fantasmas da noite.
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
Sábado,
27 de Dezembro de 2015
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