Estou
só
Neste
labirinto de lágrimas salgadas
Sento-me
e espero o regresso do teu olhar
Que
vem do outro lado do Oceano
Trazes-me
o sonho e a saudade dos musseques sombreados
Trazes-me
a voz e o desejo
E
eu sentado nas asas em papel que inventaste apenas para mim
Olho-as
e vejo nelas a desfocada imagem do teu olhar entre os parêntesis da saudade
Uma
criança entre baloiços e sobejantes sorrisos prateados
Espera-te
junto a um portão imaginário
Entras
Ela
abraça-te e afogas o cansaço do dia na minha face
Não
tenhas medo do mar
Nem
dos barcos invisíveis
Não
tenhas medo das árvores
Nem
dos pássaros amestrados que brincam nas mangueiras
Desenha
na terra húmida os círculos os quadrados e os triângulos da alegria
Depois
vais conhecer o amor
E
a paixão de amar
E
a solidão do amanhecer
Estou
só
Neste
labirinto de lágrimas salgadas
E
pareço um marinheiro aportado em Cais do Sodré…
Vendendo
insónia e coisas enigmáticas de chocolate.
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
domingo,
29 de Novembro de 2015
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