O
amor é um gajo abstracto,
Obscuro,
Transacto,
O
amor é um gajo sem alma,
Cansado
de mim,
Vestido
de noite,
Vestido
de ninguém,
Só…
só neste jardim,
Tínhamos
nos lábios o salgado mar da paixão,
Dizias-me
que era preciso acreditar,
Ter
fé,
Esperança,
Não
acredito,
Não
tenho esperança…
E
odeio a fé,
Sou
um esqueleto de chumbo,
Uma
palavra acorrentada ao poço da solidão,
Tínhamos
nos lábios
A
cidade dentro da bagagem,
No
espelho sentia-te entre películas de água
E
algas em suicídio,
Esqueci-me
de ti…
Como
me esqueço de todas as coisas belas,
Claro
que tu não eras uma “coisa”,
Eras
poesia caminhando em frente ao Tejo,
Tínhamos
todas as estrelas do céu,
Davas-me
a mão,
Ficava
cego,
Sem
nome,
Sem
endereço…
E
acreditava,
Tu
mandavas,
E
eu,
Eu
acreditava,
E
me afogava no teu corpo…
Hoje
sou um cadáver envergonhado na noite,
Uma
âncora de desejo mergulhado nas pálpebras do infinito,
Sou
uma recta,
Um
círculo,
Um
triângulo…
Sou
um hipercubo suado na madrugada,
Sou
lonca geometria,
Na
amada,
Na
amada mestria,
Abro
a boca e silencio-te com a minha língua,
Roubo-te
a alma,
E
fujo para os teus braços…
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
Domingo,
28 de Junho de 2015
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