domingo, 3 de maio de 2015

O último olhar


O medo

Encarnado esqueleto esquecido dentro de um livro

As palavras voando em direcção ao rio

E Deus

A incógnita gaguejante dos sentidos desenhos em teu corpo

Nua

Despida

Apetecível

Como são as flores pela madrugada

Em despedida

A maré dos aflitos

Congelada sobre a toalha em linho

Adeus

Adeus corações de sangue

Com odor

A

Nada


Ele

Ela

Ele

A casa em chamas

O teu corpo mergulhado no meu corpo

Dois

Dias

Minutos

Segundos

Dois corpos inseminados pelo desejo

Percebia no teu olhar

O meu último olhar

Parvo

Eu

Sempre

Dias

Minutos

Segundos

O relógio galgando os teus seios

A espingarda

Sémen

Corpos

Dois

Madrugada

Sem madrugada

Amanhã

A

Nada


Ele

Ela

Ele

A casa em chamas

Como o teu púbis travestido…

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Domingo, 3 de Maio de 2015

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