Ouvíamos
os tímidos limites da solidão
Como
se eles pertencessem aos adormecidos fantasmas
Dos
telhados de vidro
Não
existiam janelas no teu peito
Nem
sol no teu cabelo
Não
havia um único rochedo de lágrimas
Que
nos abraçasse sem querer nada em troca
Fomos
engolidos pela paixão
Como
são engolidos todos os pássaros
Pelas
ingrimes tempestades de areia
O
tecto deslizava encosta abaixo
Sentados
na sombra
Trocávamos
beijos
Por
palavras
E
palavras
Por
nada
Nem
ninguém
Em
nossa casa
Vazia
E
só
Regressávamos
e apenas uma ténue luz nos esperava
De
língua afiada
Lambia-nos
envergonhadamente
Como
quem desenha telegramas
Nos
muros de xisto da paixão
O
amor entre parêntesis no Rossio
O
ponto de interrogação
(que
tem o ponto de interrogação, meu amor?)
O
ponto de interrogação massacrado pelas amarras do abismo
E
mesmo assim
Queríamos
voar…
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
Sábado,
2 de Maio de 2015
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