segunda-feira, 9 de março de 2015

Amanhã, cor-de-rosa, húmidas canções de Primavera nas ilhargas do silêncio, habito, tu habitas e ele apaixonado, pelos pássaros, hoje
As primeiras andorinhas, falei com elas, conversamos sobre poesia
Acreditas, meu amor?
Poesia...
Hoje centenas de iões dentro de um quarto escuro, sem janelas, sem porta
Cadeia?
A cárcere, da palavra, sem porta, sem... vida, mesmo assim sou feliz naquele local, chamar-lhe-ás... cemitério, jazigo, mas não, meu amor, a cárcere da palavra, como?
A cárcere, da palavra, ou, A cárcere da palavra?
Narcisos, viajantes bagagem, imponderáveis poetas, nos beijos, nas bocas sideradas pela saliva, em pequeno, ele, imaginava a escola um grande navio, o porão
Tão fundo, mãe,
Meu amor, as palavras cinza das minhas mãos, ter-te e não te ter, nos meus braços, as imagens a preto-e-branco dos teus olhos, existes?
Tão fundo, mãe...
A paixão e o amor, o centeio correndo em redor do pôr-do-sol, e ele
Coitado, imaginar uma escola um grande barco...
Louco, e ele, mãe, dizia-me que os sonhos são desenhos de um qualquer pintor em desespero, a renda de casa, luz, pouco mais do que isso
Pobres homens e mulheres...!
Tão fundo, mãe... a paixão e o amor, o centeio correndo em redor do pôr-do-sol, e ele... e ele embrulhado em sonhos, sonhos, mãe...


(ficção)
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Segunda-feira, 9 de Março de 2015

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