A
guerra,
Perdemos
tudo, o meu pai morto em combate,
Amor
de mãe,
Pai,
Não
o conheci, apenas algumas fotografias de espingarda na mão, António
sabia que seria a sua última noite, e mesmo assim, escreveu o seu
último poema,
Dedicado
a “Deus”,
Um
Ateu, Pai?
Perdemos
tudo, a fala, as palavras e os abraços do cacimbo, os cacilheiros em
cio redopiando como cobras amestradas, o circo, a aldeia colorida de
sapatos e sandálias de couro, os calções e o triciclo, ele
Dedicado
a “Deus”,
Não
guardo rancor, o ditador morto, felizmente cessaram as espingardas do
ciume, vagamente oiço o teu respirar, ele
Pai,
Não
o conheci, e ele embrulhado em quatro pedras de espuma, o cachimbo da
solidão, partilhávamos todas as carícias do abismo, e ele
Louco,
Apaixonado.
(ficção)
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
Domingo,
15 de Março de 2015
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