quarta-feira, 18 de março de 2015

Margarida preferia o silêncio, Francisco fica-se pelas imagens de infância,
Lisboa, meu “Deus”,
Nasceu e cresceu na cidade das esplanadas e dos barcos, brincava na rua, durante a noite gritava
Angola...
Foi-se,
Morreu,
E à noite gritava pelos pássaros que durante o dia abraça invisivelmente como os cortinados da insónia,
Foi-se
Não quero pai, Angola, a guerra nas tuas veias, o Grafanil em baile de Carnaval, os nossos filhos
Já pensaste nisso?
A minha mãe chorava, acreditava que o filho mais velho teria o mesmo destino
Pai?
Que o mesmo destino do pai...
Foi-se, uma Sexta-feira partiu de mala aos ombros, lá dentro, quase nada, alguns livros, poucos, e o estojo da barba, impertinente, este homem, sempre aprumado,
Já pensaste nisso?
Pai?
Que o mesmo destino do pai... voar sobre as sanzalas de crista, STOP, ao fundo da rua, virava à esquerda
“Putas”
Livros,
Cigarros nos bolsos de Margarida,
Ainda fumas, minha querida?
Claro que sim, claro que sim...
STOP
Sem perceber que a vida é uma roldana em aço.



(ficção)
Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quarta-feira, 18 de Março de 2015

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