Margarida
preferia o silêncio, Francisco fica-se pelas imagens de infância,
Lisboa,
meu “Deus”,
Nasceu
e cresceu na cidade das esplanadas e dos barcos, brincava na rua,
durante a noite gritava
Angola...
Foi-se,
Morreu,
E à
noite gritava pelos pássaros que durante o dia abraça
invisivelmente como os cortinados da insónia,
Foi-se
Não
quero pai, Angola, a guerra nas tuas veias, o Grafanil em baile de
Carnaval, os nossos filhos
Já
pensaste nisso?
A
minha mãe chorava, acreditava que o filho mais velho teria o mesmo
destino
Pai?
Que
o mesmo destino do pai...
Foi-se,
uma Sexta-feira partiu de mala aos ombros, lá dentro, quase nada,
alguns livros, poucos, e o estojo da barba, impertinente, este homem,
sempre aprumado,
Já
pensaste nisso?
Pai?
Que
o mesmo destino do pai... voar sobre as sanzalas de crista, STOP, ao
fundo da rua, virava à esquerda
“Putas”
Livros,
Cigarros
nos bolsos de Margarida,
Ainda
fumas, minha querida?
Claro
que sim, claro que sim...
STOP
Sem
perceber que a vida é uma roldana em aço.
(ficção)
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
Quarta-feira,
18 de Março de 2015
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