Esboço os teus
olhos na carlinga nocturna do prazer
finjo caminhar sobre
as pedras íngremes do silêncio
em vulcão
as palavras
desalmadas do caderno negro
as imagens da
melancolia
no espelho secreto
dos teus seios
fujo
e sem regresso...
imagino os rochedos
da insónia
mergulhando na
constelação do adeus
o plágio mágico de
uma fotografia
e a simplicidade dos
sentidos embainhados nas florestas em solidão
canso-me
e fujo
dos lábios em
desejo
como as formigas
procurando alimento
nas esplanadas da
dor
esboço os teus
olhos
o esquisso em
desassossego dentro da caixa de madeira
janelas
portas
o segredo
quando os dardos
envenenados atingem mortalmente o peito do artista
o circo ofegante
em murmúrios e
pequenos gestos pincelados de sangue
os aplausos falsos
e os falsos sorrisos
na aldeia
entre ventos e
tempestades de areia
sinto em mim o mar
e todas as marés do
amor
o poeta adormece
junto ao rio
escreve na espuma
tingida de saudade
e canso-me
das palavras
e dos olhares em
beijos de luar...
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Quarta-feira, 4 de
Março de 2015
Sem comentários:
Enviar um comentário