(desenho
de Francisco Luís Fontinha)
Mãe,
como é o mar?
Lençóis
de espuma, meu filho, silêncios de sombras poisadas numa tela
virgem, aos poucos reaparecem as palavras e os riscos, a arte de amar
e de navegar num beijo invisível, sem imagens, sem noite para
chorar, as ruas completamente indiferentes às minhas tristezas, as
cintilações dos versos descendo os socalcos imaginados pelas tuas
brincadeira de menino,
Fui
menino, mãe?
Cansei-me
das palavras,
Escrita...
nunca,
Mais
Amanhã
restará uma única sílaba ao acordar, o espelho
Mais
nada a acrescentar aos teus desejos, meu filho...
Cansei-me
das palavras, mãe, das flores, dos sonhos e das cidade de vinil,
cansei-me das mãos de porcelana da madrugada, sem janelas
O
cubículo?
Morreu,
As
janelas e o espelho completamente envergonhados pela partida do
monstro das quatro cabeças, nada mais do que isso, literatura ao
jantar, poesia ao pequeno-almoço, e
Morreu,
E
alguns gladíolos apaixonados pelo jardim dos arciprestes, sabes?
Falamos sobre isso, lembras-te?
Não,
não...
Morreu.
(ficção)
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira,
3 de Março de 2015
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