(desenho de
Francisco Luís Fontinha)
Trazíamos no corpo
as feridas da luz,
havia silêncio nos
teus olhos
e na pedra
fulminante da paixão,
tínhamos nas
estrelas o cansaço das palavras
roubadas do jardim
sem coração,
desenhávamos o amor
na areia fria da insónia,
como se houvessem
lençóis de prata nos teus ombros...
equações,
geometria invisível
galgando a ardósia da tarde,
e sabíamos que o
suicídio do amor
aconteceria um dia,
como acorrentadas
mãos a uma caneta,
uma corda em
lágrimas imaginada pelo abstracto objecto das arcadas envergonhadas,
as rochas frias que
alimentavam o desassossego do poema,
e nos teus braços...
as sílabas que
sentiam as tristes pontes metálicas
e os animais
enraivecidos,
trazíamos no corpo
as feridas da luz,
o poço da morte
iluminado pela tua pele em pedaços de suor...
o desejo de ti
quando lá fora alguém gritava pela alvorada,
e não tínhamos
horário para navegar nas ondas secretas do mar,
vadiávamos a
cidade,
comíamos sombras de
nada...
e amávamos a
literatura.
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Domingo, 25 de
Janeiro de 2015
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