Sou um estranho
teclado
dentro do teu peito,
sou a manhã na boca
da insónia...
e perco-me nas tuas
mãos
como um pássaro em
sofrimento,
surpreendo-me com o
teu olhar entranhado na escuridão,
pareces um cortinado
invisível,
uma espingarda de
papel...
sou um estranho
teclado
dentro do teu peito,
sou os rochedos
incinerados
que escondem as tuas
palavras,
e nunca tenho tempo
para abrir a janela
do teu coração,
sou um emaranhado de
estrelas
sem passado nem
canseiras,
Sou um estranho...
… no teu peito,
visto-em de negro
e confundem-me com a
noite,
sou o silêncio dos
teus cabelos
e a cartilha dos
teus medos...
sou a clarabóia do
teu sorriso
quando lá fora...
gritam o meu nome em
vão,
e eu, e eu nunca
tive um nome,
uma pátria,
uma bandeira,
nem... nem paixão...
gritam o meu nome em
vão,
e o teclado estranho
que habita no teu
peito...
chora... chora como
a bala de um canhão.
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Quarta-feira, 10 de
Dezembro de 2014
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