Ele suicidou-se nas
palavras,
transportava no
peito uma ardósia de silêncio,
caminhava sobre o
inventado mar das terras assustadas,
e acreditava nas
palavras...
tinha um saco de
pano onde tudo guardava,
cartas,
rosas
embalsamadas...
e livros
amachucados,
trazia na pistola
uma bala de prata,
um coração de
vidro...
e um beijo de lata,
apontou-a à caneta
de tinta permanente,
e...
e suicidou-se nas
palavras,
lá ficou ele
entranhado nas terras assustadas,
como um cão
raivoso,
como um pássaro sem
asas,
o amor do poeta
suicidado vestia-se de papel,
trazia nos lábios
um poema amaldiçoado,
com palavras
assassinas...
descia a montanha,
sentava-se junto à
ribeira,
e na algibeira quase
sempre uma caneta apontada,
a pistola com corpo
de mulher,
nua, percebia-se na
areia as curvas lunares,
e nuvens de
insónia...
ele suicidou-se nas
palavras,
quando a tarde ainda
brincava nas terras assassinas.
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Domingo, 31 de
Agosto de 2014
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