Um coração mal
apagado
poisa suavemente num
cigarro apaixonado,
apelidam-no de “amor
simplificado”,
o “amor
simplificado” é um gajo porreiro,
escreve poesia,
vai todas as semanas
ao barbeiro...
e ao deitar, reza,
um cadeado de
palavras cerra-lhe a janela do quarto,
tem um espelho na
garganta que transforma fome em alegria,
não sente ele o
nascer do dia,
não quer saber ele
da literatura,
nem dos rochedos com
sabor a melancia...
O “amor
simplificado” vive numa esplanada,
entre o mar e o
“mercado”,
o “amor
simplificado” tem escadas nas sobrancelhas,
domesticado e
formatado como as abelhas,
nem dos rochedos com
sabor a melancia...
ele tem medo,
Um coração mal
apaixonado,
de mão dada com um
cachimbo de prata,
o latir do cão que
as trevas viu nascer...
faz com que ele
invente bonecas de trapos,
e praias com areia
de porcelana,
jazigos em lata,
nasce o sol e ele
parece cansado de viver,
detesta os livros de
farrapos...
tal como não
aguenta os uivos das “madames” passeando na calçada,
o “amor
simplificado” tem na testa um letreiro,
vendem-se poemas
congelados
com odor a
marmeleiro...
O tal,
o grandioso...
O “amor
simplificado” é um gajo porreiro!
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Sexta-feira, 29 de
Agosto de 2014
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