habito num cubículo
de trapos
e janelas de saudade
esta cidade é uma
merda como todas as merdas que vivem em mim...
habito apenas porque
me obrigam a viver sob as árvores da paixão
ruas desertas
ruas onde passeiam
barcos
caravelas
e os demais corpos
enrolados em estrelas de sisal
habito apenas por
habitar
respiro
amo?
e fujo para o mar
habito nos sonhos
que morreram na madrugada em flor
sei que me pertencem
alguns dos esqueletos da insónia
sei que poderia ser
rico... mas que se foda toda a riqueza
que se foda o verbo
habitar
e a beleza
habito...
apito
sou um comboio sobre
carris de aço
um corpo pesado e
aprisionado às sanzalas de ontem
habito
apito
amo?
e fujo para o mar
e fujo da palavra...
AMAR!
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Sábado, 10 de Maio
de 2014
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