sábado, 10 de maio de 2014

Candeeiros de xisto


O dia esconde-se entre os teus dedos e a sombra do veleiro com asas de papel,
do silêncio vento acordam as mangueiras de um quintal em pedaços de saudade,
e há corpos farrapos numa tela pastel,

Os teus lábios são cerejas voando sobre um Oceano de neblina,
parecem o rio quando se cansa de acordar,
os teus lábios são gritos de liberdade,
os teus lábios são os sonhos de uma menina,

O dia esconde-se nos teus dedos e há candeeiros de xisto saltitando na calçada,
sei que há palavras envergonhadas nos meus cabelos frangalhos, tristes... e velhos calendários,
o dia termina, o dia deixa de ser dia e procura a madrugada,

Há no teu olhar uma mágica fechadura com janelas de cortinado envelhecer,
uma mão poisa no teu rosto varanda onde sentado um menino,
brinca com bonecas de porcelana,
brinca... brinca com o término do dia, brinca... brinca com a imaginária cama,
e eu, eu espero que acordem os teus braços com pulseiras de amanhecer,
e tudo acaba com o toque do sino,

A aldeia cresce na montanha,
e tu desapareces como nuvens de encanto tapando o Sol poesia,
o dia,
o dia já ninguém o apanha...


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sábado, 10 de Maio de 2014

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