foto de: A&M ART and Photos
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Há uma estrada que nos transporta até
à cidade do gelo
dento do desejo medo
um livro teu mergulha na inocência da
noite poética
o uísque embainha-se no gelo da cidade
perdida
e uma personagem invisível veste-se de
madrugada
há uma estrada
uma rua e um nome...
há um calendário que me insemina na
doce margarida em pétalas fungiformes
dos torrões de açúcar
e escreve no meu corpo os números
tristes das planícies dos cegos
a gaivota da tua mão mórbida aparece
nas costas do cortinado cinzento junto à lareira da paixão
e um corpo...
o teu corpo... arde como papel vegetal
em pequenos esquissos dos loucos projectos,
Há vozes de granito que iluminam a
escuridão das tuas pálpebras
e dor que transforma as plantas vivas
em mortas jangadas de veludo
há a dita cidade do gelo
encastrada nos seios da mulher de
palha...
oiço-os em gritos andaimes depois da
despedida que o cais das lágrimas de aço transborda montanha abaixo
rio acima tudo dorme sem perceber que
da noite nascem lençóis de prazer
e as pontes de vidro que eu toco são
como a frieza dos teus velhos lábios...
o nome que não sei pronunciar
escrever...
o nome inventado nos rochedos de areia
da cidade do gelo
há uma estrada em ti que me acorda em
todas as alvoradas
e... e desejei eternamente ser em
cartolina como os jardins do nada.
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sexta-feira, 17 de Janeiro de 2014
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