sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Vozes de granito

foto de: A&M ART and Photos

Há uma estrada que nos transporta até à cidade do gelo
dento do desejo medo
um livro teu mergulha na inocência da noite poética
o uísque embainha-se no gelo da cidade perdida
e uma personagem invisível veste-se de madrugada
há uma estrada
uma rua e um nome...
há um calendário que me insemina na doce margarida em pétalas fungiformes
dos torrões de açúcar
e escreve no meu corpo os números tristes das planícies dos cegos
a gaivota da tua mão mórbida aparece nas costas do cortinado cinzento junto à lareira da paixão
e um corpo...
o teu corpo... arde como papel vegetal em pequenos esquissos dos loucos projectos,

Há vozes de granito que iluminam a escuridão das tuas pálpebras
e dor que transforma as plantas vivas em mortas jangadas de veludo
há a dita cidade do gelo
encastrada nos seios da mulher de palha...
oiço-os em gritos andaimes depois da despedida que o cais das lágrimas de aço transborda montanha abaixo
rio acima tudo dorme sem perceber que da noite nascem lençóis de prazer
e as pontes de vidro que eu toco são como a frieza dos teus velhos lábios...
o nome que não sei pronunciar
escrever...
o nome inventado nos rochedos de areia da cidade do gelo
há uma estrada em ti que me acorda em todas as alvoradas
e... e desejei eternamente ser em cartolina como os jardins do nada.


@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sexta-feira, 17 de Janeiro de 2014

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