foto de: A&M ART and Photos
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perdi-a sem saber que a tinha
dentro da minha mão despedaçada
enrolada nos meus finos dedos de arame
farpado
perdi-a sem o saber
dentro das minhas veias habitavam os
insectos da melancolia
três horas antes de adormecer
três vezes ao dia
a insónia invade-me entranhando-se nos
meus olhos desnorteados
vagabundos
apaixonados...
e eu sem o perceber entro nas
tempestades com sorrisos de mar
perdi-a e nunca mais a conseguirei
encontrar no jardim do esquecimento
subi escadas
sentei-me em inúmeras varandas...
desci escadas
corri calçadas
tropecei... e caí sobre as lágrimas
perdi-a sem saber que a tinha
dentro da minha mão despedaçada
e uma sombra de mimo jaz na almofada do
sonho morto
perdi-a
sem o saber
perdi-a de mim quando escrevia
palavras sem rosto
palavras
sílabas de nada
tristes madrugadas
perdi-a sem saber que a tinha
dentro
fora
na dupla esquina
de luz... como a luz dos holofotes
dilacerados.
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sexta-feira, 27 de Dezembro de 2013
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