foto de: A&M ART and Photos
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odeio-me por existirem dentro do meu
peito as palavras das encarnadas flores
vivo inventando rosas
amores
e chuva miudinha sobre as íngremes
rochas do mar da tristeza
sou um barco em fuga das conversas
loucas que iluminam os teus lábios de papagaio em papel
e sobes entre o Céu nocturno do desejo
e desces às catacumbas do silêncio
há em ti uma palavra prometida numa
tarde de Outono
e éramos crianças vestidas de negro
dançando sobre a mesa de um velho café
esquecendo as amarras Luas dos sótãos
clandestinos como divãs de areia
na mala de couro adormecido que a tua
mão saboreava
me levavas encarcerado até encontrares
os beijos das garças quando rompem o cacimbo embriagado pelo capim
dos poemas encalhados
distantes
doentes
húmidos
… teu corpo e teu vestido
sós simples abandonados... molhados
como saliva de sémen na clarabóia da insónia
o texto reflecte-se no espelho da
agonia
dorme
vomita
sangra das veias suicidadas as ardósias
com sabor a chocolate
e baunilha
terminas a noite voando sobre a cidade
dos anjos
entranhas-te em mim
és minha
como todos os livros que vivem na minha
algibeira,,,
imagino-te sentada no Rossio
vendando folhas de cartolina com
caracteres inanimados
mortos
imagino-te brincando em Cais do Sodré
correndo sobre os carris da paixão
escrevem-me e esqueço-me que deixaste
de pertencer aos meus sonhos
que deixaste de fabricar sorrisos nos
fósforos das manhãs embaciadas
ruas infinitas à volta de uma fogueira
de casas abandonadas
e... odeio-me por existirem dentro do
meu peito as palavras das encarnadas flores
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quarta-feira, 2 de Outubro de 2013
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