foto de: A&M ART and Photos
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sinto-o correr nos poços escuros do
meu corpo
quando escarpas e ventos se alicerçam
nas minhas tristes mãos de areia
sinto-o como se ele fosse uma lâmpada
de cristal vomitando palavras
tracejados traços no sorriso de uma
abelha
e sinto-o e sinto-a
em mim depois de adormecer a solidão
sinto-o correr nos poços escuros... do
corpo
e há uma corda invisível em cada
esquina do sofrimento
que as cidades descobrem depois de
acordar a manhã
e as ruas absorvem as lágrimas tuas
que correm nos poços...
escuros nus dormentes ausentes das
sílabas de prata
vazios como o silêncio desgovernado
dos teus íngremes cabelos com sabor a
naftalina
e de uma gaveta fechada
uma sombra disfarçada de imagem
emerge no espelho da dor
estás triste
como se o teu barco naufragasse no
profundo Oceano mar...
e no entanto
sem o perceberes
uma jangada voa nos teus olhos magoados
como uma gaivota de oiro envenenada
pela insónia de uma velha estória...
e sinto-o e sinto-a... dentro de mim em
gritos de revolta
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 8 de Setembro de 2013
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