foto de: A&M ART and Photos
|
voávamos sobre as espigas cremadas do
centeio
e era Domingo
e... sentíamos nas asas o perfume da
madrugada
voávamos conforme tínhamos combinado
na véspera da tempestade de areia
sentíamos no rosto as lâminas de
xisto impregnado na pele doirada dos nossos corpos de açúcar
e da água víamos-nos desaparecer no
cesto de papeis junto à escrivaninha embriagada
bebíamos licor de amêndoa como se
dentro dos pequenos cálices de cristal
houve uma árvore com braços de prata
uma árvore recheada de pássaros
barcos
e montículos de areia
com sabor a insónia
amávamos as raízes escondidas nos
túneis nocturnos das lâmpadas em flor
e era Domingo
e
e... voávamos nas encostas íngremes
do silêncio
da boca rasgada do amanhecer ouvíamos
os gemidos enlouquecidos dos mabecos adormecidos
e corríamos em direcção ao mar
e dormíamos sobre um cobertor de
poesia
papeis voavam sobre o teu rosto de
sílaba apaixonada
e das teclas de escrever que poisavam
na tua fina mão de cerâmica
os sons metódicos de um máquina
engasgada nas janelas de orvalho
descíamos as escadas do inferno...
e sabíamos que nunca mais ouviríamos
as perdizes cinzentas nos corredores do desejo
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Segunda-feira, 30 de Setembro de 2013
Sem comentários:
Enviar um comentário