não sei se me ouves
nas cinzas clandestinas das tuas mãos
não sei se recordas os momentos que
passamos
e as conversas que desperdiçamos à
volta de um copo de qualquer coisa
fumamos muita merda
dormimos noites invisíveis sem
percebermos que a noite era a noite
sem percebermos que o dia
que o dia era uma gaja cheira de manias
travestida...
uma gaja mendiga
porra... porque partes sem nada dizer
sem deixares sobre as planícies
graníticas
as palavras
coisas
desenhos
abraços
nada
nada
partes...
partes como se esta merda de vida fosse
uma viagem
um panfleto de heroína voando em
direcção ao Sol
debaixo do mar
a tua dor
as tuas paixões confessadas em noites
de embriaguez
flutuam
e vivem
e amam como amaram as primeiras letras
da tua boca
não sei se me ouves
não sei se algum dia conseguirei
olhar-te
não sabendo que a viagem que agora
preparas
termina
não termina
não sei se me ouves
mas se me ouves...
que descanses em paz...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha- Alijó
Madrugada de Segunda-feira, 30 de
Setembro de 2013
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