foto de: A&M ART and Photos
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Lias-me nos esconderijos de cartão
quando a varanda voava sobre os olhos
dos telhados de vidro
lias-me no reflexo do espelho vadio que
habitava nas tuas mãos
e quando pegavas em mim
folheavas-me como se estivesses a
saborear a manga adormecida
e acabada de ser escrita,
Lias-me como se eu fosse
sou
talvez... um pássaro apaixonado pelo
vento
e pelas árvores comestíveis dos
jardins da insónia
lias-me e eu não percebia que tinha
palavras em mim
dentro do meu esqueleto de papel,
Lias-me como um tonto peixe procurando
o amor debaixo das algas
e de verso em verso
descíamos as escadas da dor
embebia-te e embrulhava-te nas canções
clandestinas dos rochedos de amar
vivíamos parecendo flores em plástico
que as doiradas abelhas comiam... e
deixavas de pertencer à minha biblioteca,
Morrias
ardias na fogueira dos cigarros
infestados pelas malditas ratazanas que habitavam a caserna tuas
coxas...
morrias e lias-me como se não
existisse amanhecer
madrugada
palavras reescritas nos teus silêncios
seios com desenhos por pintar
e imagens escurecidas e inabitáveis
nas nossas vidas...
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
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