foto de: A&M ART and Photos
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Eu, tinha as palavras escondidas dentro de uma
algibeira esquecida nas grandes tempestades de areia das noites de
loucura, tu, tu tinhas os melódicos sons e poéticos do teu violino,
da tua voz cresciam gladíolos em formato de rubi, tinhas medo do
escuro, vivias como uma andorinha de Primavera em Primavera, e
sabíamos que existiam tardes de solidão onde eu, onde tu, onde nós
procurávamos as mãos, a minha, e a tua, e as entrelaçava-mos como
fios de luz suspenso do tecto do sótão minúsculo onde habitávamos,
Hoje, não me importo dos sons melódicos de ti,
hoje, não me importo dos sons poéticos de ti, hoje, não me importo
que vivam violinos, pianos, ou
Livros
Que ardam todos, e se possível, durante a noite,
Hoje?
Flores?
Não, não flores,
Que a tempestade as leve, as amarrote como pedaços
de papel quando o vento submerge os triângulos transcritos nos
silêncios gemidos das mesas em flor,
Trágico,
Humilhante, diria eu, mas... quem sou eu, afinal,
Uma estátua? Uma sombra de xisto esquecida no socalco junto à linha
férrea? Não, não os quero tal como são, indesejados, tóxicos,
melindrosos, quero-os tal como são, barulhentos, Ou... Serei um
simples apitar de uma louca locomotiva em passeio pelo Duro, olha o
Rio, cerra os olhos
Trágico, hoje não, querida, hoje não...
Cerra os olhos e percebe-se que nos lábios brincam
os melodiosos sons e poéticos do violino, e juro, sinto pena dela, e
juro, coitada da louca locomotiva, corre, corre, e acaba por encalhar
num banco de areia, húmida, em pequenas gotículas de suor, e
coitada dela, a louca locomotiva... sempre a apitar, sempre de olhos
cerrados, sempre,
Não, não flores,
Deitava-se sobre o cais de embarque, um homem de
chapéu e com farda azul carregava aleatoriamente malas, pequenos
embrulhos e ramos de flores, todos, que ardam todos, e se possível,
durante a noite, como os corpos transatlânticos dos petroleiros
emagrecidos, doidos, às vezes, e ela, sobre o cais de embarque,
rompia a neblina, nua, dizia-se dona do amor e dos meus versos, ora
Donos de mim, nunca, não, existem, existira,.
Existirão...
Não, não flores,
Coisa estranha, essa, de teres um violino dentro de
ti!
(Trágico, hoje não, querida, hoje não...Trágico,
hoje não, querida, hoje não...Trágico, hoje não, querida, hoje
não...Trágico, hoje não, querida, hoje não...Trágico, hoje não,
querida, hoje não...Trágico, hoje não, querida, hoje
não...Trágico, hoje não, querida, hoje não...Trágico, hoje não,
querida, hoje não...Trágico, hoje não, querida, hoje
não...Trágico, hoje não, querida, hoje não...Trágico, hoje não,
querida, hoje não...Trágico, hoje não, querida, hoje
não...Trágico, hoje não, querida, hoje não...Trágico, hoje não,
querida, hoje não...Trágico, hoje não, querida, hoje
não...Trágico, hoje não, querida, hoje não...),
Quantos somos, nós, tu, sobre o cais, o homem de
chapéu azul curvilíneo debaixo do sombreado rio, acusam-me de
partir corações, pergunto
De que são feitos os corações,
Adiante, o meu, já nasceu partido, com defeito,
talvez... talvez devido às temperaturas elevadas a que foi submetido
numa noite em Janeiro, e Janeiro morre, e eu, eu sobrevivi, e sou uma
rocha misturada no veneno da madrugada, o veno que és tu, o veneno
que são os teus lábios...
Tal como são, barulhentos, Ou... Serei um simples
apitar de uma louca locomotiva em passeio pelo Duro, olha o Rio,
cerra os olhos
Trágico, hoje não, querida, hoje não...
((Trágico, hoje não, querida, hoje não...Trágico,
hoje não, querida, hoje não...Trágico, hoje não, querida, hoje
não...Trágico, hoje não, querida, hoje não...Trágico, hoje não,
querida, hoje não...Trágico, hoje não, querida, hoje
não...Trágico, hoje não, querida, hoje não...Trágico, hoje não,
querida, hoje não...Trágico, hoje não, querida, hoje
não...Trágico, hoje não, querida, hoje não...Trágico, hoje não,
querida, hoje não...Trágico, hoje não, querida, hoje
não...Trágico, hoje não, querida, hoje não...Trágico, hoje não,
querida, hoje não...Trágico, hoje não, querida, hoje
não...Trágico, hoje não, querida, hoje não...),
Livros
Que ardam todos, e se possível, durante a noite...
(não revisto, não ficção)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
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