terça-feira, 6 de agosto de 2013

Os musseques imaginários de uma Lisboa travestida

foto de: A&M ART and Photos

Sumias-te nas fendas cansadas das noites sem dormir
misturavas-te com a bruma espuma do infinito amanhecer
lias-me folheando-me como se eu fosse um livro inacabado
sujo
imundo deixado esquecido num banco em madeira,

Tínhamos frio
e sentíamos os ossos mergulharem no silêncio das pratas em construção
havia um poema que líamos todas as noites antes de adormecermos
e não dormíamos
e não tínhamos vontade de voar naquela noite de Novembro,

Ardíamos como lareiras de vidro
suspensas na insónia
ardíamos debaixo de mil cobertores
e de alguns invisíveis...
havíamos descoberto o abraço em prestações,

Trinta e cinco suaves
como janelas pigmentadas nas faces rosadas do Inverno
tínhamos um barco que esperava por nós
e todas as noites
habitávamos os musseques imaginários de uma Lisboa travestida de felicidade...

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó

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