foto: A&M ART and Photos
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É sexta-feira, atiram-se pedras contra as palavras
que poisam no estendal do quintal onde juntamente com demais roupa,
de homem e senhora, uma criança grita pelos patos que brincam no
lago, são três, podiam ser quatro, o ideal seriam cinco, mas é o
que eles têm, e já não é pouco, de essa criança existem alguns
brinquedos espalhados ao redor das mortas árvores de papel grosso,
pouco maneável, não chove, o tempo seco ressaca-lhe os pulmões
desabituados ao fumo do cigarro, e hoje, não sente saudades de
fumar, mas não se cansa de recordar o cheiro, as imagens inventadas
pelo fumo esbranquiçado, penumbro, arrancando bonecos de palha do
campo de milho da tapada do avô Domingos, Carvalhais existe, S.
Pedro do Sul padece das minhas mãos quando me sentava no jardim
junto ao Município, ou ficava horas a imaginar o rio Sul em círculos
enquanto do meu corpo uma sombra de planaltos deambulava pelas
encostas em frente às Termas, queria atravessar o rio, voando, como
pássaros, os melros invadiam-se da gaiola do senhor Joaquim, tio,
(o tio Joaquim não percebe porque chamam ao grande
José Eduardo Agualusa, falso escritor, não percebe, não entende,
talvez porque o tio Joaquim já tenha morrido, talvez porque o tio
Joaquim só tinha a quarta classe, ou, porque apenas e só, quem o
afirma, o escreve por inveja, ou pior, por ignorância, ou porque não
lhe interessa ou interessam os temas dos livros de Agualusa, é
verdade que todos têm direito à opinião, livre, mas dizer falso
escritor... porquê? Tínhamos três patos, eu passeava-me em volta
do lago imaginário onde perto do lago existia um canastro, atulhado
de milho, a eira ao lado do canastro, ambos, pertenciam ao outro tio,
o artista, Serafim, grande homem, este, e o outro também, o Joaquim,
mas tinha um defeito, um grande defeito, não percebia a razão de
escreverem que Agualusa é uma falso escritor..., tantas falsas
coisas, e os livros, são todos eles verdadeiros, e aquele que
escreve, será ele um falso homem? Só não percebo, querido tio
Joaquim, questiona-se a possível fortuna de Agualusa, e não se
questiona a fortuna de certas pessoas que em Angola vivem sem que se
perceba como conseguiram tão grandes fortunas, essas sim, colossais,
quando não ainda há muito tempo, alguns, mal sabiam ler e escrever
e andavam de G3 no mato... e agora, alguns deles, passeiam-se de
avião e vêm às compras a Lisboa)
O tio, o outro, o artista, cantava fado e declamava
poesia na sua adega, rodeava-se de amigos, alguns de simplicidade
invejável, outros, que deixavam o respectivo canudo à porta da
adega e madrugada depois, saiam, felizmente o conseguiam fazer,
alguns de gatas, outros, outros cambaleando sobre rodas de incenso e
lápis de cor,
(hoje percebo que não nasci em Angola, que jamais
regressarei porque felizmente não compactuo com determinados
comportamentos, sempre o fui e sou, a favor do livre pensamento,
recuso-me a aceitar o insulto apenas pelas diferenças de opinião,
não concordo que José Eduardo Agualusa seja um falso escritor, e
para terminar, percebi hoje que os destaques do meu blogue Cachimbo
de Água no Sapo Angola, de hoje em diante, terminaram; paciência,
sou e sempre fui assim, mesmo sabendo que posso perder tudo, o pouco
que tenho, e não te preocupes tio Joaquim, um dia, um dia vamos ver
o Mussulo, e depois, levamos duas cadeiras de vime, sentamos-nos
junto à Baía e esperamos pelo regresso da...)
E dos lápis de cor, ele, o tio, o Joaquim, deitou
fora o de cor azul.
(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
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