terça-feira, 4 de junho de 2013

Em busca da saudade

foto: A&M ART and Photos

Ouves as mãos de chocolate vagueando sobre a tempestade de cereal em forma de palavra
escreves-me dos tentáculos silêncios dos vulcões entranhados na montanha teus seios
e um arbusto chora a tua ausência
como se o vento adormecesse nas melancólicas mesas de granito
que um buraco de minhoca alimenta em pedaços de paixão
e tristes casas de areia com vista para a cidade dos barcos amargurados,

Ouves tuas minhas cansadas desilusões que o mar engole como Sereias de papel
e nada fica eterno
oiço-os fingindo escadas de acesso ao tecto da insónia história
não existo
desisto
de procurar palavras numa calçada sem nome num bairro esquecido no altímetro do Mussulo,

Vagabundeio semi-nu procurando terrenos para aportar
meus alicerces de tristezas manhãs de Primavera
a astronomia minha amiga inventa-me estrelas com pequenos torrões de açúcar
goiabada e mandioca
habitávamos em corpos sonâmbulos pela infinita distância sem que o universo nos informasse
dos projectos para ultrapassarmos as difíceis tardes abraçados a um rio imaginário,

Doente
sem nome dizendo-se filho das grandes palavras esquecidas nas cúbicas coxas cinzentas
que deixam os pássaros embriagados em penumbras cristas de azoto
finíssimas peles bronzeadas como noites escurecidas num qualquer confim de África...
e invento a felicidade com pedaços de capim e uivos de mabecos
enquanto um velho papagaio de papel circula no céu como uma ventosa em busca da saudade...

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha

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