foto: A&M ART and Photos
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Eras em pluma doce crisântemo do Éden
jardim
escondias nos lábios a algibeira dos
sonhos
e trazias nos braços as imagens
prateadas
que o velho homem de chapéu negro
deixou ficar após a tempestade
sobre a cidade dos vampiros de cabeça
estonteante,
Comíamos sem comer
imaginávamos alimentos em todas as
árvores que víamos
às vezes fingíamos caçar pássaros
de asa amarela e azul
como os papeis que usávamos na
secretária da noite
para adormecermos as nossas palavras em
dor,
E por algumas drageias apenas
elas
as palavras vomitadas pela nossa
empobrecida insónia...
inventavam sonhos e marés com vestidos
de renda
e deixávamos de saber o nome dos dias,
Pintávamos minutos dos relógios
procurando braços
para aportarem âncoras de iodo e
laboratórios de análises clínicas
as palavras com teores de açúcar
bastante elevados
e dos poemas havia uma pequena
alteração no níveis de colesterol...
comíamos livros e nem assim
conseguíamos sobreviver aos anzóis do amanhecer,
Se nos amávamos deixei de perceber
que na tua boca de Primavera
envergonhada
habitavam calçadas como rios fundeados
nos alicerces da tuas palavras
as mesmas e aqueles que as drageias
apenas
elas as palavras eram pedaços de papel
envenenado pela escuridão do prazer...
(não revisto)
Francisco Luís Fontinha
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