terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Lisboa é uma cidade cruel, pensarias tu nos finais dos anos 80, e não percebias que eu precisava de asas, voar, voar sem parar, não cair, todos os meses, eu, um infeliz
Mãe, fui assaltado, manda dinheiro vale postal urgente,
E ao final da tarde ressuscitavam as andorinhas no Tejo, cintilavam ao longe as luzes dos petroleiros a entrarem na barra, puxavas de um cigarro, umas vezes em solidão, outras, em companhia de gaivotas com sabor a heroína, pingavam restos de saliva nas passadeiras vermelhas da calçada, precisavas de ser aquecida
Lisboa
À tarde pertencias aos espaços perdidos, na parede um cartaz onde se lia “Proibido Fumar”, à tarde pertencias-me, e Lisboa é uma cidade cruel, pensarias tu nos finais dos anos 80, e não percebias que eu precisava de asas, voar, voar sem parar, não cair, todos os meses, eu, um infeliz
Mãe, fui assaltado, manda dinheiro vale postal urgente,
Um infeliz com sete pernas nascidas e crescidas em Setembro, à noitinha,
Precisavas de ser aquecida...
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