Lisboa é uma cidade cruel, pensarias tu nos finais
dos anos 80, e não percebias que eu precisava de asas, voar, voar
sem parar, não cair, todos os meses, eu, um infeliz
Mãe, fui assaltado, manda dinheiro vale postal
urgente,
E ao final da tarde ressuscitavam as andorinhas no
Tejo, cintilavam ao longe as luzes dos petroleiros a entrarem na
barra, puxavas de um cigarro, umas vezes em solidão, outras, em
companhia de gaivotas com sabor a heroína, pingavam restos de saliva
nas passadeiras vermelhas da calçada, precisavas de ser aquecida
Lisboa
À tarde pertencias aos espaços perdidos, na parede
um cartaz onde se lia “Proibido Fumar”, à tarde pertencias-me, e
Lisboa é uma cidade cruel, pensarias tu nos finais dos anos 80, e
não percebias que eu precisava de asas, voar, voar sem parar, não
cair, todos os meses, eu, um infeliz
Mãe, fui assaltado, manda dinheiro vale postal
urgente,
Um infeliz com sete pernas nascidas e crescidas em
Setembro, à noitinha,
Precisavas de ser aquecida...
( )
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