Dentro do livro de atum, era tarde, descias as
escadas do sonhos, e tinhas acabado de perder o sono nos rochedos
junto aos correios, pegavas-me na mão e
Gosto de ti sabes?
Nunca soube, espesso, castanho, a nota de cem
escudos transformada em periscópio, e percebi que era isto o
verdadeiro amor, transformada em tubo com acesso ao centro da terra,
roubaste-me
Os livros com sabor a uvas Moscatel,
As imagens de ti,
Espesso, áspero, cinzento, e notava-se uma
saliência esquelética
Um livro de atum, que deus o tenha, Amo-te sabes?
Gosto de ti sabes?
Um livro de atum,
E começava a pingar um líquido castanho, espesso,
e juro que não sabia, e juro que deixei de acreditar nas palavras
embriagadas, deixei de acreditar nas sanduíches de atum que o nosso
avô deixava ficar na sala de jantar em cima da mesa de vidro, um
homem gordo dentro de uma caixa de madeira sorria-nos, tu
Tenho medo,
Amo-te sabias?
Nas pálpebras da lua, roubaste-me e roubas-me o
sono, os sonhos, a vida, roubaste-me o jardim onde ele ao final da
tarde se sentava, pegava num cigarro, acendia-o e estava ali até que
caísse a noite, acordassem as estrelas, e todos os sorrisos da
aldeia,
Amo-te sabes?
Espesso, áspero, cinzento, e notava-se uma
saliência esquelética
Nas faces da lua.
(texto de ficção não revisto)
@Francisco Luís Fontinha
Alijó
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