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quinta-feira, 2 de abril de 2015

Vertigem


A vertigem

O dia triste

Quando é envenenado pela saudade

Há no olhar da esperança

Um cigarro poético

Derramando palavras

E nuvens cinzentas

A rua perde-se em mim

Como eu me perdi nos teus braços

De aço

Prisioneiro dos cadeados invisíveis

O marfim dos dentes do crocodilo

Esperam-me sobre a mesa da sala de estar

Não estou

A porta encerrada

Sempre

Sempre

Como o mar submerso na neblina de sal

A vertigem

Apodera-se dos meus sonhos

Não há rios nesta cidade indesejada

Os peixes

Não

Não estou

Hoje

Nunca

À tua espera

Porque não espero nada

Nem ninguém

Como nunca esperei a madrugada crescer

Nos teus cabelos

A vida me come

A vida me mata

A fome

E…

Será que tens cabelos?

Fios de xisto

Descendo o Douro

O meu pensamento está longe

O Tejo

Aguarda serenamente a sombra do meu corpo

A ponte iluminada

Dançava

Quando o vento se alicerçava

E eu

Brincando numa parada militar…

Soldado de pedra

Com uma espingarda de nada

A vertigem sonolenta das coisas belas

Quando o dia

Hoje

Não

Nunca

Os peixes

Não

Não estou

A casa desassossegada

Com a minha ausência

Parti

E ninguém

Percebeu que não estou

Os livros na intimidade do desejo

A vertigem

Nas minhas veias

Caminhando apressadamente

Como os homens acabados de regressar

Do infinito

Os cubos e os círculos de gelo

Palmilham as lâmpadas do medo

Na ardósia

As equações do amor

Sem resolução…

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quinta-feira, 2 de Abril de 2015