terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Os lábios da saudade


O silêncio apertado nos lábios da saudade.
O beijo suspenso na solidão nocturna do cansaço,
Há flores no meu jardim, envelhecidas,
Outras, cansadas,
Tristes rosas nas lágrimas da noite.
O pesadelo da infinita madrugada,
Quando traz a liberdade prometida,
Vaiada…
Garrida.
O texto que se escreve na penumbra,
Quando as palavras adormecem,
E, choram de alegria.
Regressa a morte,
Leva-o a passear,
Inventa amanheceres,
Como quando o poeta,
Derrama palavras emagrecidas,
A fome de viver,
A fome de caminhar junto ao rio,
E aquele silêncio,
Apertado,
Mergulha nos lábios da saudade.



Francisco Luís Fontinha – Alijó
14/01/2020

domingo, 12 de janeiro de 2020

As cobras


(lavar a loiça, coisa e tal, arrumar a cozinha… decididamente, não tenho muito jeito para isto; sou melhor na poesia)


As cobras que habitam o meu jardim,
São silêncios de solidão,
São palavras suspensas na minha mão,
Dos livros absorvidos por mim.
As cobras que habitam o meu jardim,
São nuvens de espuma,
Brancura da vida,
No mar da despedida.
São transeuntes embriagados,
Ninhos de pássaro abandonados,
As cobras que habitam o meu jardim,
São a esperança de viver,
Estar calado,
Quando a Primavera acordar,
Sorrir,
E caminhar sobre os parêntesis do cansaço.
As cobras,
Que habitam o meu jardim,
São flores amestradas,
Papoilas envenenadas,
Pela geada,
Pela sombra da calçada.
As cobras,
Que habitam,
O meu jardim,
São lágrimas.


Francisco Luís Fontinha – Alijó
12-01-2020