sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Amoradas


Viajo entre linhas sombreadas

e nortadas,

corpos falidos,

corpos doentes,

palavras enfeitadas de tristeza

nas profundezas da solidão,

viajo entre linhas afogadas

nas defuntas madrugadas,

quando o silêncio morre…

quando o silêncio parte para outras moradas,

a triste fotografia do teu olhar,

a simples canção fundeada no porto da saudade…

um poema inventa-se

e corre

e morre nas amoradas

das simples palavras,

oiço-as,

oiço-as quando dos livros acordam as personagens da noite quebrada

e elas partem para o infinito amor…

sem perceberem a razão de viver.

 

 

Francisco Luís Fontinha

11-11-2016

sábado, 5 de novembro de 2016

Este medo que me vai matar


Do silêncio do sono

as amoras silvestres do destino,

do silêncio menino

as pálpebras quebradas da solidão

que só o sofrimento alimenta

em noites de traquinice…

a velhice,

enfeitada de clarão,

descendo a calçada cinzenta

que vive na cidade sem tino…

sentindo a voz que alenta

os cigarros da escuridão.

 

 

Francisco Luís Fontinha

sábado, 5 de Novembro de 2016

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Alvorada


Odeio a alvorada

em descidas bruscas

quando oiço no longínquo amanhecer

o cantar dos pássaros,

regressa o silêncio,

ergue-se a morte do esconderijo da montanha

sem que tu percebas o significado de envelhecer…

odeio a alvorada

no meu pulso transversal

escrito no quadriculado papel da ausência,

e da loucura do teu olhar

que também odeio

aparecem as imagens prateadas do sono…

odeio a alvorada

em descidas bruscas

no alpendre tua solidão,

a seara arde,

a centeio aconchega-se no teu colo

como uma criança perdida,

desorientada

e triste,

odeio,

odeio a alvorada

que traveste o teu sorriso de grinalda

quando lá fora chove torrencialmente,

a as lágrimas são pedacinhos de sombra

galgando o areal,

odeio a alvorada

em descidas bruscas

quando oiço no longínquo amanhecer

a pobreza de viver,

e não sentindo…

sentir o sofrer.

 

 

Francisco Luís Fontinha

terça-feira, 1 de Novembro de 2016

sábado, 29 de outubro de 2016

Sentindo o décimo sexto livro da paixão e da morte


A locomotiva da paixão

entre curvas e montanhas agrestes

há um apito na minha mão

um som esquisito e confuso

nas despenteadas tuas ventes

o fuso

sangrento do destino

quando galga o muro em xisto

o meu querido menino…

desisto

assisto…

impávido ao descer da madrugada

existo

pensando ser este o meu desatino

nas vozes á desgarrada

sem tino

o meu corpo ensanguentado

nas planícies do amor solidificado

meu olhar desapontado

do casebre abandonado.

 

 

Francisco Luís Fontinha

sábado, 29 de Outubro de 2016

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Aqui…


Aqui me deito

sobre o teu peito caiado

pela solidão das náuseas doentes,

aqui me vejo inventado

nas mandibulas das espadas inocentes,

saltitando no sorriso sem jeito…

que as marés transportam entre dentes…

aqui me deito

aqui me vejo,

voando sobre a cidade proibida,

e só.

 

 

Francisco Luís Fontinha

quinta-feira, 27 de Outubro de 2016