quinta-feira, 16 de julho de 2015

Calçada da saudade


Este machimbombo que não anda

E não cessa de chorar,

Esta montanha acorrentada ao mar,

Sem barcos,

Marés…

Ou paixões imaginadas por gaivotas a voar,

Este machimbombo ensanguentado,

Triste,

Tão triste que não sabe o significado de…

Cansaço,

Prisão,

A luz nos teus braços,

As esferas de prata travestidas de balas contra o teu coração,

Não interessa se amanhã vai acordar a madrugada,

Se é sexta-feira…

Ou sábado,

Mais uma semana,

E um desenho desnorteado

Descerá a calçada,

Tropeçando na saudade.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quinta-feira, 16 de Julho de 2015

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Morada… ou lápide com asas


Escorrem no teu rosto

Todas as sombras das montanhas inanimadas,

Pego-te docemente

Como se fosses uma criança em tardes de brincadeira,

O colorido papagaio em papel,

O avião em cartão…

Sem local onde poisar,

Um dia coloquei o meu cigarro à janela,

Ardia enquanto as nuvens do silêncio

Argamassavam-se no teu peito,

Fugi,

Cerrei os olhos,

 

Sentei-me

E esperei que regressassem as paixões de iões

Que só tu conheces,

E falas,

E conversas…

Como se eles fossem uma raiz envenenada

Pelos insectos da madrugada,

Sem vida,

Sem uma cidade para deixares o jardim da tua infância,

Um nome,

Morada…

Ou lápide com asas.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quarta-feira, 15 de Julho de 2015

segunda-feira, 13 de julho de 2015

O silêncio do primeiro amor


Do jardim com o teu nome, recordo as sombras dos beijos envenenados,

As palavras esgotadas,

Os homens condenados,

Sem amor,

Algemados,

Entre madrugadas

E mares nunca navegados,

Há o silêncio acorrentado,

No primeiro amor desenhado…

Há a primeira desilusão

No primeiro orgasmo enganado…

Do jardim com o teu nome,

 

No jardim enforcado.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Segunda-feira, 13 de Julho de 2015