sexta-feira, 19 de junho de 2015

Os poemas masturbados


Sinto o teu odor no meu pensamento,

Sinto os teus sussurros nas veias que me transportam para o infinito amor,

Abraço os cansaços da dor,

Sinto a tua monotonia desfalecer

Junto ao rio da solidão,

Tenho medo,

Medo de partires sem me avisares da tua viagem sem destino,

Tanto medo,

Eu menino,

Sem berço,

Sem viver,

A vida entre equações quadráticas,

E…

E sonhos pinceladas de desejo,

Os beijos,

A maledicência,

Os poemas masturbados numa cartolina velha,

Em orgia,

Sinto o teu odor,

A tua raiva,

Sinto…

Sinto a tua partida

Da nossa alegria.


Francisco Luís Fontinha – Alijó

Sexta-feira, 19 de Julho de 2015

quinta-feira, 18 de junho de 2015

O corpo é cinza Nata Prata Cinzeiro em pedra…


Não quero escrever

Nada

Mas necessito de escrever

Para me sentir vivo

Viver

Não ter

Palavras

Sonhos

Nem desenhos ou destino

Noite

O dia

Deixaram de existir…

O corpo não sente

Os livros

Os sons melódicos do cansaço,

O corpo é um vazio

Sangrento

Talhado em fios de sombra

Quando o luar dorme

E as estrelas dançam

Brincam…

O corpo não sente

Os livros

Os sons melódicos do cansaço,

Mas aos poucos

O corpo

É vencido pelas metáforas da insónia,

E o corpo é cinza

Nata

Prata

Cinzeiro em pedra

Com lágrimas

Sem lágrimas…

Não quero escrever

Nada

Nada…

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quinta-feira, 18 de Junho de 2015

terça-feira, 16 de junho de 2015

Fugitivo clandestino das nocturnas sombras sem nome


Enrolava-se no sono

Como se fosse uma criança mimada,

Descia a calçada,

Sentava-se em frente ao rio…

Desenhava barcos na sombra do pôr-do-sol,

Inventava palavras

Que quase nunca escrevia,

Sentia no corpo o silêncio da alma,

Que alma… meus Deus!

Alma nenhuma,

Corpo algum

E ausente,

 

E sente,

Sentia,

As lágrima em agonia,

Vestia-se de negro,

Puxava de um cigarro abandonado na algibeira…

E fugia,

Fugia…

Para os braços da longínqua ribeira,

 

A montanha,

Tal com ele,

Também não tinha alma,

Que alma… meus Deus!

Alma nenhuma,

Corpo algum

E ausente,

E fugia, e fugia da velha serpente,

 

E fugia sem saber que era gente.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Terça-feira, 16 de Junho de 2015